Dos Tempos Remotos aos Frutos do Cerrado

A Terra tem suas singularidades e pluralidades que provêm da natureza produtos que remontam há séculos ao ponto dos ancestrais reconhecerem a importância de alguns vegetais em seus aspectos que a elevaram a um status tornando-a parte integral de várias gerações.

As antigas civilizações mesoamericanas, como os Maias e Astecas, descobriram e cultivaram a árvore do Theobroma (cacao). Esse fruto que dá origem ao chocolate envolve diversas culturas ao redor do mundo. 

Nativo e Conhecido Nas Américas

O cacaueiro é nativo das regiões tropicais da América Central e do Sul. Cultivado por civilizações antigas como os maias e os astecas, este fruto era bem utilizado como alimento.

Os maias, por exemplo, consideravam o suco extraído das sementes como um licor. Já os astecas, que chamavam de “xocoatl”, acreditavam que ela tinha boas propriedades. Além disso, as sementes eram usadas como moeda, o que demonstra o valor econômico que tinham naquelas sociedades.

O cultivo e a utilização desse fruto se expandiram com a chegada dos europeus ao continente americano. Os espanhóis, ao entrarem em contato com a civilização asteca, ficaram envolvidos pelo fruto. Eles levaram as sementes para a Europa, onde foi modificada com a adição de açúcar e especiarias, ganhando popularidade entre a nobreza.

Os frutos do cacaueiro, chamados cabosas, escondem em seu interior as amêndoas. Envolta em uma polpa branca e ácida, a partir desse momento, inicia-se a complexa transformação do cacau.

A expansão se deu em várias regiões tropicais do mundo, como África e Ásia, devido às condições climáticas favoráveis. Hoje, países como Costa do Marfim, Gana e Indonésia estão entre os maiores produtores globais. A produção das sementes exige um processo criterioso na colheita e fermentação, seguido pela secagem e torrefação, até que estejam prontas para serem transformadas em diversos produtos.

A levedação e a torragem são essenciais para o desenvolvimento do sabor característico do chocolate. Durante a infusão, as sementes são cobertas por polpa e deixadas em caixas de madeira, onde o calor e a umidade iniciam uma série de reações que reduzem o gosto original. Depois, são secas ao sol para interromper a fermentação e prevenir a formação de fungos.

Pungência na Torragem

A torrefação das sementes é o passo seguinte, onde são aquecidas a altas temperaturas para desenvolver os sabores que associamos ao chocolate. A intensidade e a duração da torrefação podem ser ajustadas para produzir diferentes perfis de sabor, desde os mais suaves e adocicados até os mais intensos.

Após a torrefação, as sementes são quebradas e as cascas removidas, resultando em pequenos fragmentos chamados nibs. Esses fragmentos são moídos até formarem uma pasta grossa conhecida como massa, que é a base para todos os produtos de chocolate. A partir desta massa, podem ser extraídos a manteiga e o pó, que são componentes essenciais para a produção de diversos tipos de chocolate.

A manteiga é a gordura natural das sementes e confere sua textura lisa e derretida. O pó, por outro lado, é utilizado em várias receitas e produtos alimentícios, proporcionando o sabor característico sem a gordura. A combinação desses dois ingredientes, juntamente com açúcar e, às vezes, leite, resulta em diferentes tipos de doces.

Abundante em antioxidantes, especialmente flavonoides, que podem ajudar a combater os radicais livres no corpo. A cultura popular também foi influenciada pelo cacau e seus produtos. Livros, filmes e até festivais são dedicados ao chocolate.

O cacau não se limita ao mundo dos doces. Sua versatilidade se estende à culinária, onde agrega sabor e textura a pratos salgados, molhos e até em saladas, granolas e iogurtes.

Produtos Congêneres na Origem

Outros frutos que possuem características semelhantes e pertencem à mesma família botânica, como o cupuaçu nativo da região amazônica, é doce e cremoso, com polpa branca e sabor que lembra uma combinação de chocolate e abacaxi.

O baru (Dipteryx alata), encontrado no cerrado brasileiro, possui uma semente comestível com sabor similar ao do theobroma, sendo muitas vezes chamado de “cacau do Cerrado”.

A sapucaia (Lecythis pisonis), também da Amazônia, apresenta uma amêndoa interna, conhecida como “castanha de sapucaia”. O pequi (Caryocar brasiliense), típico do cerrado, também possui notas de sabor que lembram o cacau, especialmente quando suas sementes são processadas.

Tem o macambo pertencente ao mesmo gênero acima, com polpa e sementes semelhantes ao cacau, sendo muitas vezes utilizado em preparações típicas da região. E o cupuí, fruto amazônico, próximo parente do cacau, tem uma polpa branca e cremosa, com um sabor sutil que pode se assemelhar ao do cacau.

Cadência na Cultivação Vergel

O cultivo do cacaueiro em recintos pequenos não é uma prática comum, principalmente devido às necessidades específicas da planta e às limitações de espaço, suporte, tamanho e estrutura.

A planta do cacau pode crescer bastante, atingindo alturas de até 10 metros na natureza. Embora existam variedades menores e técnicas de poda que possam controlar o tamanho, a estrutura necessária para suportar essa planta em um jardim vertical seria significativamente robusta e complexa.

Portanto precisa de um ambiente tropical com alta umidade, temperatura constante e proteção contra ventos fortes. Necessita do solo bem drenado e de um sistema radicular cíclico.

Quanto ao cupuaçu existem variedades mais compactas que podem ser cultivadas em jardins de pequeno porte, desde que haja suporte adequado e condições ambientais favoráveis.

O baru é uma árvore de médio porte, o que dificulta seu cultivo vertical, a menos que sejam utilizadas formas de poda e condução para mantê-lo em tamanho reduzido.

O sapucaia por ser uma árvore de grande porte, o cultivo em lugares fechados não é recomendado, pois exigiria soluções complexas de suporte e manejo. Na sequência vem o pequi  que também não é uma espécie indicada para a cultivação suspensa devido ao seu porte arbóreo e necessidade de espaço para seu desenvolvimento.

No mesmo sentido, o cupuí de porte arbóreo, não é recomendável para compor em paredes ou treliças. Já o macambo tem variedades menores que podem se adaptar a sistemas verticais, desde que as condições de cultivo sejam adequadas.

Típico Litorâneo e Espaçado

O coco verde, fruto do coqueiro (Cocos nucifera), é amplamente conhecido por suas propriedades nutritivas e refrescantes. Decorre de uma planta tropical que tem suas raízes nos litorais do sudeste asiático, especificamente na região que abrange a Indonésia, Filipinas, Malásia e outras áreas insulares do Pacífico. 

Os estudiosos acreditam que a dispersão inicial do coco foi facilitada tanto por correntes marítimas quanto por seres humanos, que utilizavam as nozes flutuantes para navegação e colonização de novas terras.

Os primeiros registros escritos datam de textos antigos na Índia e na China, que mencionaram o uso do coqueiro em medicina e nutrição. Esses relatos indicam que o coqueiro já era amplamente cultivado e valorizado por suas múltiplas utilidades, incluindo a extração de água de coco, óleo, fibras e madeira.

Durante a Era das Grandes Navegações, no século XV e XVI, os exploradores europeus, como portugueses e espanhóis, desempenharam um papel crucial na introdução deste fruto nas Américas. 

O clima tropical das regiões costeiras das Américas Central e do Sul proporcionou condições para o cultivo, permitindo sua rápida adaptação e expansão. A partir daí, o tornou-se uma parte integrante das paisagens tropicais americanas, especialmente em países como Brasil, México e Colômbia. 

Nessas regiões, este, passou a ser um elemento importante na dieta e na cultura local, sendo consumido tanto em sua forma natural quanto em preparações culinárias variadas.

A produção de coco envolve diversas etapas, desde o plantio e manutenção dos coqueirais até a colheita e processamento dos frutos. Além do consumo da água e polpa do coco verde, subprodutos como óleo, leite de coco e carvão ativado são amplamente comercializados.

A água dele é valorizada não apenas por seu sabor refrescante, mas também por seus benefícios à saúde. Cheia em eletrólitos como potássio e sódio, afluente para a reidratação, especialmente em climas quentes. Possui baixo teor calórico e é uma fonte natural de antioxidantes, ajudando a combater os radicais livres no corpo.

A polpa, por sua vez, contém fibras, proteínas e uma variedade de vitaminas e minerais, sendo utilizada em diversas receitas culinárias, desde sobremesas até pratos principais. 

No Quintal de Casa

O cultivo do coco envolve diversas etapas, desde a seleção adequada até a colheita. Cada uma com características específicas que podem influenciar a escolha dependendo do objetivo do cultivo (água de coco, polpa, óleo, etc.) e das condições climáticas da região. 

Entre as variedades destaca-se o tipo de anão verde e vermelho que serve para jardins suspensos. O coqueiro se desenvolve em solos bem drenados e generosos em matéria orgânica. O pH do solo deve estar entre 5,5 e 7,5. Antes do plantio, é importante realizar uma análise para determinar a necessidade de correção com calcário e adubação.

A nutrição adequada define o crescimento e solidez. Realize adubações regulares utilizando fertilizantes NPK balanceados e enriquecidos com micronutrientes como magnésio e boro.

A irrigação é fundamental para o desenvolvimento dos coqueiros, especialmente em um jardim vertical, onde a evaporação é mais rápida devido à exposição maior ao sol e ao vento. Utilize sistemas de irrigação por gotejamento para fornecer água de forma eficiente e regular.

A poda é uma prática importante para remover folhas secas para melhorar a circulação de ar e facilitar a colheita. Deve ser realizada uma ou duas vezes ao ano. A colheita do coco ocorre de 6 a 7 meses após a floração, quando os frutos atingem o tamanho ideal para o consumo de água. 

Após a colheita, os cocos devem ser manuseados com cuidado para evitar danos. O armazenamento deve ser em locais frescos e arejados para prolongar a vida útil dos frutos. 

As práticas agrícolas locais e o apoio a pequenos agricultores são fundamentais para a manutenção da diversidade cultural e agrícola associada ao cultivo dos frutos.

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